«- Tens todo o ar de quem sofre do mal da época. Foco-me apenas em Léa, que, seis anos atrás, se olhou naquele espelho perguntando o que poderia ter em comum com aquela louca, mas soube como afastar-se daquela imagem. O que Colette analisa primorosamente é o modo como uma mulher de meia idade encontra a sua realização. Afinal o problema não era a idade das mulheres velhas, mas os 30 anos sem rumo de Chéri. Sobre este livro até podia escrever um tratado sobre a adaptação das mulheres às novas situações da vida. Educado como um namoradinho num mundo de cortesãs procura o seu passado junto da sua antiga amante, Léa. Tem 30 anos e para ele tudo está perdido. Parecia não ser necessária uma continuação, mas há o final trágico de Chéri, que regressa a Paris deprimido e sem rumo depois de ter participado na Primeira Grande Guerra. «Uma velha arquejante repetiu, no espelho oblongo, o seu gesto, e Léa para si perguntou o que podia ela ter em comum com aquela louca.» «- Ele volta! Ele volta! – gritou ela, levantando os braços-» Quando no final do primeiro volume, Chéri abandona a casa, como um evadido, - depois do último encontro de amor-, desejando a sua vida de homem jovem, Léa corre à janela.
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